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Crédito imobiliário da CEF deve superar R$ 41 bilhões em 2010

Crescimento foi de 93% até novembro; média de contratações é de R$ 150 milhões por(...)

Publicado: 04 Dezembro, 2009 - 08h17

Escrito por: Jornal do Comércio

Crescimento foi de 93% até novembro; média de contratações é de R$ 150 milhões por dia

 

Os financiamentos imobiliários com recursos da Caixa Econômica Federal devem superar R$ 41 bilhões este ano, segundo o vice-presidente de Governo do banco, Jorge Hereda. Não se trata de uma meta, de acordo com ele, mas de estimativa que considera a média de contratações de R$ 150 milhões por dia e o valor já concedido até novembro.

 

A primeira meta anunciada pela Caixa para o crédito habitacional para este ano foi de R$ 27 bilhões, revista para R$ 30 bilhões e depois para R$ 38 bilhões. No ano passado, as contratações de crédito imobiliário na Caixa chegaram ao valor recorde de R$ 23,3 bilhões. Até 30 de novembro, a Caixa concedeu financiamento imobiliário no total de R$ 39,3 bilhões. O valor é recorde e supera em 93% o registrado no mesmo período de 2008.

 

Conforme Hereda, os números já superaram todas as metas da Caixa para este ano devido à retração dos outros bancos na concessão de crédito imobiliário e do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, o mercado esperava que, em função da crise, a busca de financiamento imobiliário por pessoas físicas seria menor do que ocorreu. "O programa trouxe confiança para quem queria comprar e lançar imóveis", afirmou.

 

Outras medidas, como o aumento do limite do valor máximo do imóvel financiado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para R$ 500 mil, também contribuíram para incentivar a demanda. "Não aumentamos juros nem reduzimos prazos. Mantivemos as condições e ofertamos mais recursos de poupança que o mínimo necessário", disse Hereda.

 

Conforme a Caixa, 756,507 mil famílias foram atendidas, sendo 42% com renda de até cinco salários-mínimos. A média de financiamento habitacional pelo banco é de R$ 69 mil. O crédito imobiliário com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cresceu 46% na comparação com o mesmo período de 2008, para R$ 14,9 bilhões. O financiamento com recursos próprios da Caixa aumentou 119%, para R$ 20,3 bilhões.

 

A Caixa recebeu 2,763 mil propostas de financiamento de empreendimentos nos moldes do programa Minha Casa, Minha Vida até 30 de novembro. Segundo o banco, 322,3 mil são propostas para o público com renda de até três salários- mínimos, 138 mil para o segmento de três a seis salários-mínimos e 106,7 mil para a faixa de seis a dez salários-mínimos. A Caixa reiterou que pretende contratar até o fim do ano todas as propostas que tenham a documentação completa.

 

As contratações do programa habitacional somam R$ 11,7 bilhões. Foram fechados contratos para 176,379 mil residências, sendo 102,585 mil para a faixa de menor renda, 56,051 mil para o segmento de seis a dez salários-mínimos e 17,743 mil para de seis a dez salários- mínimos.

 

Atendimento à baixa renda nas capitais é polêmico

 

A parceria que está sendo estabelecida entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a prefeitura de São Paulo para a faixa de renda de até três salários-mínimos nos moldes do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida mostra que atender ao segmento nas capitais é viável, segundo o vice-presidente de Governo do banco.

 

A afirmação foi uma resposta à declaração feita pelo presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sergio Watanabe, de que o governo poderá ofertar 400 mil unidades para a faixa de renda familiar de até três salários-mínimos, como previsto no programa, mas "não irá atacar o déficit nominal das capitais".

 

Hereda reconheceu que há dificuldades na produção para o segmento de menor renda em São Paulo e em outras capitais, em função do custo dos terrenos, principalmente na capital paulista. "O presidente do Sinduscon-SP sabe que não dá para fazer habitação social onde há custo do terreno elevado", disse. Mas, segundo o representante da Caixa, com o apoio de estados e municípios é possível atender ao segmento de até três salários-mínimos de renda e "vencer o déficit habitacional". "Naturalmente, existe um limite de disponibilidade de terrenos, mas discordo que não seja viável (produzir para a faixa de menor renda nas capitais). Isso pode não ser completamente viável se ficar somente nas mãos do governo federal", disse.

 

Conforme a Caixa, existe uma discussão de transformar prédios do centro histórico de São Paulo em unidades habitacionais. No momento, cerca de 55 prédios estão sendo indicados para avaliação. Segundo Hereda, o desenrolar do programa está para entrar "em velocidade de cruzeiro".

 

O executivo reiterou que o banco pretende concluir o financiamento do total de um milhão de unidades previsto no programa habitacional até o fim de 2010. "Esperamos que até maio ou junho do ano que vem haja mais de um milhão de unidades em condição de ser analisadas pela Caixa", afirmou. O vice-presidente de Governo da Caixa voltou a dizer também que a contratação de 400 mil unidades este ano é uma meta interna do banco. "Estamos fazendo todo o esforço possível para tornar ágil ao máximo o programa. Não há uma meta estabelecida pelo governo para este ano", disse.

 

Segundo Hereda, para que o total de 400 mil unidades seja contratado nos moldes do programa este ano, é preciso que a documentação dos projetos esteja completa. Conforme o executivo, a Caixa não recebe os projetos com toda a documentação e as licenças necessárias. "A complementação ocorre durante o processo de análise", disse. De acordo com o representante da Caixa, o total de unidades cuja análise da área de engenharia já foi concluída está próximo de 140 mil. Os contratos do programa já fechados somam 176,379 mil unidades. "Se não conseguirmos chegar a 400 mil unidades contratadas este ano, não é motivo para dizer que o programa não deu certo."

 

Conforme o vice-presidente da Caixa, o prazo médio de avaliação dos projetos para a faixa de até três salários-mínimos é de 64 dias e, para o segmento de três a dez salários, de 75 dias. Esse prazo inclui a análise feita pela Caixa e o tempo gasto pelas empresas para atender às solicitações de documentos e licenças que faltarem.

 

O total de 2,763 mil propostas do Minha Casa, Minha Vida recebidas pela Caixa até novembro soma R$ 34,42 bilhões. Do total de propostas recebidas, 57% são para a faixa de até três salários- mínimos de renda familiar, 24% para o segmento de três a seis salários-mínimos e 19% para a fatia de seis a dez salários-mínimos. Em prospecção, há 1,094 mil propostas, referentes a 271,128 mil unidades. As propostas recebidas correspondem a 567 mil unidades. Segundo Hereda, há mais de 800 mil unidades em análise ou pré-análise no sistema da Caixa Econômica Federal.

 

Vendas de materiais de construção reagem

 

Enquanto o comércio de veículos, motos e peças teve queda de 0,6% em novembro em relação a outubro, na segunda alta mensal consecutiva, as vendas de material de construção no Brasil mostraram reação e fizeram o movimento do varejo aumentar 0,6% em novembro em relação a outubro, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, divulgado nesta quinta-feira. No dia 25, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que os produtos de construção prosseguirão isentos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por mais seis meses.

 

O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostra que, depois de ter sofrido sete meses de declínio, o comércio varejista do setor de artigos de construção subiu 2,2% em novembro ante outubro. A ampliação colaborou para mais um mês de crescimento (o 12º seguido) na atividade do comércio do País, realizados os ajuste sazonais (acertos em função da variação de estação).

 

A dilatação da redução do IPI dos aparelhos eletrodomésticos da linha branca e o crédito também animaram a atividade comercial de bens duráveis (categoria de produtos que têm utilidade durante um grande período de tempo). No confronto anual, o comércio varejista teve alta de 15,8% em novembro ante o mesmo mês de 2008, o maior índice de crescimento anual desde julho de 2008, que havia sido de 19,3% contra julho de 2007.

 

Apesar da queda mensal no setor de veículos e motos, o segmento avançou 32,1% na comparação com novembro de 2008. Já o setor de móveis, eletroeletrônicos e informática cresceu 25,8% em novembro em comparação à mesma época de 2008. O segmento também se sobressaiu em novembro de 2009, com a prorrogação de parte do incentivo fiscal de IPI e as melhores condições de crédito, e cresceu 2,7% ante outubro.

 

O setor de tecidos, vestuário, calçados e acessórios mostrou elevação de 19,3% em novembro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2008.

 

O destaque de queda, na comparação anual, continua sendo o segmento de material de construção, que, apesar da alta mensal de 2,2% em novembro, ainda teve um acentuado recuo ante mesmo mês de 2008 (13,4%). No acumulado de 2009, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio teve alta importante de 5,7%.

 

Banrisul e Coopercon firmam acordo para financiamento imobiliário

 

O Banrisul e a Cooperativa da Construção Civil no Rio Grande do Sul (Coopercon-RS) assinaram, nesta quarta-feira, na sede do banco, em Porto Alegre, acordo operacional para financiamento da construção civil às empresas associadas à Coopercon. O acordo estabelece condições para o financiamento à produção, infraestrutura, aquisição de terrenos e, também, para as pessoas físicas, adquirentes finais dos imóveis.

 

O diretor de Crédito do Banrisul, Urbano Schmitt, enfatizou que, em 2009, apesar da crise financeira internacional, a parceria com a Coopercon teve um crescimento de 52% no volume de recursos para as empresas associadas em relação a 2008. "Isso evidencia a expansão e o desenvolvimento do segmento no Rio Grande do Sul, fortalecendo a economia gaúcha."

 

Schmitt informou, ainda, que Banrisul financiou, até outubro de 2009, 4.047 unidades, com recursos de R$ 313 milhões no crédito habitacional. Somente com as empresas associadas à Coopercon, foram financiados R$ 130 milhões. "Estamos reafirmando a parceria, que permanece pelo segundo ano".

 

Segundo o presidente da Coopercon, Mauro Tonguinha de Oliveira, as empresas associadas à cooperativa detêm cerca de 60% do mercado da construção civil de Porto Alegre, e a parceria com o Banrisul possibilita ganho de escala e assegura a continuidade do crescimento do segmento imobiliário no Estado.

 

O presidente do Sinduscon/RS, Paulo Garcia, destacou que, no Rio Grande do Sul, o segmento da construção civil não sofreu com a crise internacional em razão da disponibilidade de recursos financeiros do Banrisul. Informou, também, que, para 2010, as perspectivas são de crescimento de cerca de 10% do PIB no segmento da construção civil. "O aumento será sustentado pelos recursos dos financiamentos dos agentes financeiros", projetou.