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Sindicalismo pós-reforma

O movimento sindical vive seu maior desafio desde a redemocratização. Precisa propor uma pauta de organização e financiamento da ação sindical como campo de resistência a partir do mundo do trabalho

Publicado: 14 Julho, 2017 - 14h51

Escrito por: Douglas Martins

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Durante meses o movimento sindical mobilizou varias categorias contra a reforma trabalhista que liquidou direitos e lançou à força o Brasil de volta ao século XIX. Desde a campanha para depor Dilma Rousseff, movimentos sociais, partidos de esquerda, coletivos e agentes que enfrentam as forças do retrocesso atuam para esclarecer o sentido do golpe de estado de 2016.

O dia 11 de julho entra para a historia como uma das maiores infâmias cometidas pela classe dominante contra o povo brasileiro. A oficialização do retrocesso trabalhista não deve ser vista isoladamente. Nem de longe é um fato isolado. É um movimento profundo realizado pelo patronato no contexto da luta de classes. Para isso eles deram o golpe. É o triunfo da estupidez sobre a civilização.

A reforma aprovada no Congresso é filha legítima da articulação reacionária urdida desde a eleição de Lula em 2003, derrotada nas urnas e, por isso mesmo, convertida em sabotagem aberta e sistemática à democracia onde democracia significar justiça social. O passado sufocou o presente e ameaça o futuro. Vai um tempo até que a sociedade acorde. Mas ela acordará.
A ditadura do capital sobre o trabalho vai se agravar. Excrecências jurídicas como trabalho intermitente, trabalho temporário, férias parceladas, negociado sobre legislado terão efeitos devastadores na vida cotidiana de milhões de pessoas neste que antes do retrocesso social já figurava como um dos países mais injustos do planeta. Por isso o sindicalismo de luta se faz imprescindível.

O movimento sindical vive seu maior desafio desde a redemocratização. Precisa informar os trabalhadores sobre os efeitos do massacre golpista e ao mesmo tempo propor uma pauta, o mais unificada possível, de organização e financiamento da ação sindical como campo de resistência a partir do mundo do trabalho ampliando a cidadania insurgente junto com os movimento sociais.

Patrões não agem sozinhos. Têm apoio do sindicalismo de negócios, da oligarquia midiática, do capital internacional e, com o poder do dinheiro, corrompem as instituições políticas criadas para representar a sociedade, controlando votos e interpretações jurídicas. A reforma pretende estender esse controle ao movimento sindical.

O sindicalismo pós-reforma é rejeição desse controle brutal travestido de modernização.