Escrito por: Redação CONTICOM

Reajustes acima da inflação marcam campanha salarial 2025

Para CONTICOM-CUT, poder de mobilização dos sindicatos e a decretação de greves em alguns casos foram fatores decisivos para conquista de ganhos reais no primeiro semestre

Reprodução/Sintracomec
Trabalhadores de Manaus durante greve

Os trabalhadores e trabalhadoras da construção civil de diversas regiões do Brasil conquistaram ganho real – ou seja, acima da inflação – nos reajustes de salários e benefícios definidos na Campanha Salarial 2025 neste primeiro semestre do ano.

Segundo balanço da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira filiados à CUT (Conticom), na maioria dos casos os acordos e convenções foram fechados com índices superiores à inflação acumulada no período, que foi de cerca de 5%. Em maio, mês que marca a data-base da grande parte da categoria, o INPC foi de 5,20%. 

Para o presidente da Conticom-CUT, Cláudio Gomes, essas conquistas são fruto da capacidade de mobilização dos sindicatos que, em alguns casos, precisaram recorrer à decretação de greves para superar a intransigência do setor patronal durante as negociações. A unificação regional da campanha, como aconteceu em São Paulo, também contribuiu para fortalecer a bancada dos trabalhadores nas mesas de negociação.

“No primeiro semestre de 2025, notamos um aumento de paralisações e greves em campanhas salariais de diversas regiões do país em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da previsão de crescimento do setor, empresas têm usado questões relacionadas à macroeconomia para impedir avanços nas negociações”, comentou Cláudio Silva, presidente da Conticom.

 

Mobilização e ganhos reais

O resultado da Campanha Salarial 2025 em alguns estados mostrou a importância da organização dos trabalhadores e trabalhadoras e da mobilização da categoria. Foi assim no Espírito Santo, onde o Sintraconst-ES fechou a CCT com reajuste salarial geral de 8% e de 10% para funções que recebem os menores salários.

Esses índices representaram para os trabalhadores(as) um significativo ganho acima da inflação. Além disso, alguns benefícios foram reajustados com índices maiores ainda, como o vale-alimentação, que registrou um aumento de 22,22% – passou de R$ 900 para R$ 1.100.

Já em Campo Grande (MS), a Campanha Salarial só foi destravada depois de uma série de protestos coordenados pelo Sintracom-MS nas principais obras do estado. Com isso, a Convenção Coletiva 2025/2026 garantiu reajuste de 7% sobre os pisos salariais e de 6% para quem ganha acima do piso. Nos benefícios, destaque para o vale-alimentação, reajustado em 13,63%.

No Paraná, o Sintrapav também fechou a nova Convenção Coletiva de Trabalho com reajuste acima da inflação (entre 6,5% e 7% nos salários) e importantes avanços, como redução pela metade (de 6% para 3%) do desconto do vale-transporte.

Em São Paulo, a Campanha Salarial 2025 foi unificada no estado, e a reunião de 54 sindicatos, representando mais de 1 milhão de trabalhadores e trabalhadoras numa das maiores campanhas salariais do país, garantiu reajuste salarial de 6%, valor superior à inflação para a data-base de 1.º de maio. 

Diversas outras campanhas salariais do ramo da construção, obtiveram reajustes acima da inflação, manutenção de benefícios e garantia de direitos. 

 

Só com greve

Em algumas bases de trabalhadores da construção civil, a intransigência dos patrões só foi superada com a decretação de greves. Em Manaus (AM), por exemplo, o Sintracomec liderou greve geral que resultou num reajuste de 8% e ganhos expressivos em benefícios, como os 32,5% de aumento no valor da cesta básica.

Já em João Pessoa (PB), a greve foi necessária para que o Sinduscon (sindicato patronal) cumprisse acordo fechado em abril deste ano, com mediação do TRT, e que previa reajuste de 7,51%. De acordo com o Sintricom-JP, a greve de dois dias em junho ganhou ampla adesão e se tornou símbolo da luta em defesa da negociação coletiva e dos direitos da categoria. O sindicato entrou com mandado de cumprimento e até a publicação desta matéria aguardava a decisão da Justiça.

 

Outros setores

A Conticom registrou também paralisações em outros setores do ramo. Em Paulínia (SP), os trabalhadores da Replan fizeram paralisação de uma semana até a conquista de um ACT assinado junto ao Sinticom-Campinas com reajuste salarial de 7,40% e benefícios como vale-alimentação de R$ 1.320,00 e PLR de R$ 7.000,00, além de abono dos dias parados durante a greve.

A greve também foi a saída apresentada pelo ConstruMob aos trabalhadores terceirizados na Braskem, polo ABC. Ao fim da paralisação, considerada histórica pelo sindicato, o acordo assinado garantiu diversos índices de reajustes acima da inflação, entre eles: 6,5% de reajuste nos salários, 7,32% nos benefícios de alimentação (café da manhã, lanche e vale), 7,50% na cesta natalina e 15,38% no PLR. Também foi garantida estabilidade de 90 dias e a compensação dos dias parados.

Já em São José dos Campos, os cerca de 3 mil trabalhadores(as) o setor da construção civil e montagem industrial que atuam em empresas terceirizadas da refinaria da Revap precisaram recorrer à greve para rejeitar a proposta da empresa de apenas repor a inflação, de 5,33%, no reajuste dos salários.

Após três dias de paralisação, o Sintricom-SJC e Litoral Norte conquistou reajuste salarial de 7,32% na audiência de conciliação realizada no TRT da 15ª Região, em Campinas. O acordo também garantiu R$ 7 mil de PLR, 10% de reajuste na cesta natalina e na ajuda de custo, além de 20% no café da manhã.