Escrito por: Camila Caresia

Escoramento deficiente deixa cinco mortos e quatro feridos na Usina Lins, no interior paulista

Segundo a Defesa Civil todos eram terceirizados. Sem comunicar autoridades responsáveis, Usina fechou vala para dificultar apuração

 

Um deslizamento de terra numa usina na cidade de Lins, no interior paulista, deixou cinco trabalhadores mortos – entre eles um engenheiro - e quatro feridos na tarde de segunda-feira (18). Segundo informações da Defesa Civil, os trabalhadores eram da Usina Lins e de duas terceirizadas e estavam numa vala instalando tubulações para drenar água, quando o solo desmoronou e os soterrou. O buraco tinha de cerca de cinco metros de profundidade, e foi aberto sem o escoramento necessário.

Uma equipe de segurança da Usina Lins foi acionada juntamente ao Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e a concessionária Via Rondon, para resgate dos trabalhadores, que durou até o fim da noite. Os quatro operários resgatados com vida, após dois deslizamentos de terra, passam bem.

O Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Mobiliário de Bauru e Região esteve no local, na manhã de terça-feira (19), acompanhado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que somente foi informado do acidente após contato da entidade. Segundo Aloísio Costa, diretor de Saúde e Segurança do sindicato, o procedimento da Usina Lins foi completamente irregular, o que dificulta a definição das responsabilidades e também uma avaliação das irregularidades quanto às condições de saúde e segurança. “Quando chegamos ao local, a vala já tinha sido fechada e as atividades retomadas”, declarou Aloísio.

O MTE vai autuar a empresa por não ter sido avisado do acidente e por ter reiniciado o trabalho sem a devida liberação. Foi iniciada uma fiscalização conjunta do MTE com o sindicato para averiguar as razões da tragédia. Apesar da gravidade do ocorrido, a empresa só entregará uma parte da documentação sobre o fato nesta quinta-feira (21).

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Usina Lins lamentou o acidente e informou que está prestando, juntamente com as empresas terceirizadas, assistência aos trabalhadores e suas famílias.

Conforme Aloisio, a Usina Lins e as empresas terceirizadas estão tentando tirar o corpo fora, responsabilizando o engenheiro morto como o único culpado pelo acidente.