Escrito por: Revista Proteção edição nº 225 - setembro

Diretor de SST na Previdência fala do FAP e mostra vocação prevencionista do Ministé

Remígio Todeschini ficou conhecido no cenário nacional como diretor de Políticas de Saúde e(...)

Remígio Todeschini ficou conhecido no cenário nacional como diretor de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério de Previdência Social. Ocupando o cargo desde 2007, ele tem sido responsável pela implementação do FAP (Fator Acidentário de Prevenção), do RAT (Riscos Ambientais do Trabalho - é o novo nome do SAT) e do NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário). Temas polêmicos que defende com segurança, mostrando como eles podem contribuir para a prevenção de doenças e acidentes no trabalho. Também é defensor da revitalização da reabilitação profissional e de uma perícia médica que não veja o segurado como fraudador. Formado em Direito pela USP e mestre nessa mesma área pela PUC/SP, Remígio também atuou no Ministério do Trabalho como secretário de Políticas Públicas de Emprego, de 2003 a 2007, e teve uma rápida passagem pela presidência da Fundacentro. A sua relação com a saúde e segurança do trabalhador, no entanto, é anterior às atividades públicas que passou a exercer no Governo Lula. Foi dirigente sindical da CUT (Central Única dos Trabalhadores), entre os anos de 1994 e 2002; do Sindicato dos Químicos do ABC entre 1984 e 1994; e ainda atuou no Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho), entre 1984 e 1994. O passado de sindicalista parece ter dado a Remígio uma sensibilidade maior às necessidades de melhores condições laborais. Com o olhar de quem viveu ao lado dos trabalhadores, defende o diálogo social que deve começar no ambiente de trabalho.

 

PROTEÇÃO - O Ministério da Previdência tem se destacado nos debates de segurança e saúde com ações como o FAP, o NTEP e a criação do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional, que o senhor dirige. Diante disso, como o senhor vê hoje o papel da Previdência nas questões prevencionistas?

 

REMÍGIO - A Previdência deixou de ser mera pagadora de benefícios, ou seja, mera indenizadora. Na visão estratégica da Previdência, é preciso que ela dê sustentabilidade para as futuras gerações com melhores condições de trabalho, com qualidade de vida no trabalho. A Previdência tem que se preocupar em ser de fato uma seguradora social, que vá pagar o benefício no futuro, de uma aposentadoria em virtude da velhice, e não simplesmente pagar o benefício em função do risco da acidentalidade e da doença. Precisamos aumentar a saúde do segurado. Essa intervenção é fundamental e não é exclusiva da Previdência Social. Sem uma ação integrada da Saúde, do Trabalho e da Previdência, não se consegue o objetivo central: estar com saúde no ambiente do trabalho.

 

PROTEÇÃO - Uma das questões mais discutidas ultimamente tem sido o FAP. Nos debates ocorridos, dois pólos ficaram muito evidentes. De um lado, a defesa do bônus malus e da medida como incentivo à prevenção. Do outro, uma crítica caracterizando a medida como arrecadatória. Como o senhor vê essa dualidade?

 

REMÍGIO - O FAP é um dos instrumentos governamentais de cobrança diferenciada em função de quem comprova mais lesões ou danos ao segurado, que deve pagar mais. Esse é um objetivo fundamental em qualquer negócio da vida privada. É a chamada responsabilidade civil, responsabilidade acidentária. Na realidade, essa conta é deficitária e vai continuar sendo deficitária. O objetivo central da Previdência com esta diferenciação é que se cobre isso de forma justa. É uma oportunidade ímpar de reduzir cada vez mais a acidentalidade. Quem tem mais acidentes, realmente vai ter que pagar a conta mais alta.