Escrito por: Redação CONTICOM
Para dirigentes, esse momento de apresentação e debate da pauta de reivindicações é importante para aproximar os trabalhadores dos sindicatos
Os canteiros de obras espalhados pelo Brasil, assim como locais de trabalho de alguns setores da indústria de materiais de construção, têm se tornado nestes primeiros meses do ano palco de diversas ações da campanha para reajuste de salários e renovação de acordos e Convenções Coletivas de Trabalho (CCT).
Na avaliação de dirigentes da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira filiados à CUT (CONTICOM), a mobilização tem sido positiva. Cláudio Gomes, presidente da CONTICOM-CUT, destaca que as assembleias itinerantes têm confirmado a importância da presença sindical nos locais de trabalho como forma de superar o esvaziamento das assembleias fixas tradicionalmente realizadas nas sedes dos sindicatos.
“Os sindicatos perceberam que é preciso levar as entidades para dentro das obras, num contato mais direto com os trabalhadores. É em momentos como esse, de campanha salarial, que o trabalhador se aproxima do sindicato e percebe sua importância. Todos saem fortalecidos”, explica o dirigente.
A opinião é compartilhada por José Abelha, presidente do Sindicato da Construção Civil e Mobiliário de Campo Grande-MS (Sintracom), para quem as campanhas salariais têm sido uma ferramenta fundamental para que sindicatos possam garantir reajustes, ganho real e benefícios.
“É através delas [campanhas salariais] que a gente mostra pro trabalhador a necessidade das mobilizações e de se ter um sindicato forte, principalmente porque a maioria das empresas não têm interesse em trazer melhorias para seus trabalhadores”, diz Abelha, que também preside a Fetricom-MS, a federação da categoria no estado.
Campanhas unificadas
Outra tendência marcante é o esforço, incentivado pela CONTICOM-CUT, de unificar as pautas em níveis estadual e nacional como forma de fortalecer a representação dos trabalhadores e trabalhadoras nas mesas de negociação. Os estados de São Paulo e Espírito Santo são exemplos de campanhas unificadas e dirigentes dos dois estados revelam otimismo com o nível de mobilização.
“Estamos otimistas em melhorar ainda mais a negociação em comparação com o ano passado, quando conquistamos aumento real após 10 anos. Agora, queremos, além do aumento acima da inflação, avançar em cláusulas sociais. Estamos organizados e firmes”, atesta Marcelo Ferreira dos Santos, dirigente da CONTICOM e presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil e Mobiliário de Guarulhos e Arujá (Sindcongru).
A principal data-base dos trabalhadores da construção civil é 1º de maio e, no caso de São Paulo, a pauta é unificada através da Feticom, a federação estadual. Dentre os principais pontos, está o reajuste salarial pelo INPC, mais um aumento real de 5%.
No Espírito Santo, Virley Santos, presidente do Sintraconst-ES, reforça que a principal luta na atual campanha unificada é por aumento real. No estado, são quatro sindicatos e uma única negociação.
“Nossa convenção tem dois anos de validade e agora em 2024 vamos negociar apenas cláusulas econômicas. Como a economia melhorou e o INPC tem caído, nosso foco principal está na conquista do aumento real”, explica Virley Santos.
O presidente da CONTICOM lembra que a campanha desse ano acontece em uma conjuntura econômica que favorece o poder de negociação, tanto em razão do fato de o governo federal ter concedido aumento real no reajuste do salário mínimo, como pelos investimentos no setor através do Novo PAC e a retomada do projeto Minha Casa, Minha Vida.
“Esse argumento [reajuste do salário mínimo] é muito poderoso para que os sindicatos reivindiquem o aumento real na mesa de negociação, ainda mais em negociação unificada, que sempre tem mais força que a empreendida por uma única entidade”, conclui o presidente da CONTICOM-CUT.