Escrito por: Redação CONTICOM

CONTICOM-CUT debate medidas para combater déficit de mão de obra na construção civil

Dirigentes sindicais defendem a qualificação como forma aproveitar cenário de pleno emprego

Reprodução

A construção civil vive atualmente um cenário de pleno emprego, com projetos e empreendimentos espalhados pelo Brasil, mas questões como deficiência na qualificação profissional, aumento da idade média do trabalhador do setor e atração dos jovens por atividades como Uber e entregas por aplicativos, têm provocado um enorme – e preocupante – déficit de mão de obra.

Esse foi o principal assunto entre os vários temas debatidos no dia 28/10 durante a penúltima Reunião da Direção Ampliada deste ano da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira filiados à CUT (CONTICOM). Um novo encontro deve acontecer em dezembro.

O encontro, realizado de forma virtual, contou com a participação de dezenas de dirigentes de sindicatos dos ramos da construção e madeira filiados à Confederação.

 

Há vagas

Na reunião, Cláudio Gomes, presidente da CONTICOM-CUT, avaliou  que a construção civil possui uma enorme quantidade de vagas que não são preenchidas, por vários fatores, mas em especial pela falta de qualificação dos trabalhadores.

“Os processos de construção estão mais exigentes, mais técnicos e automatizados, e isso requer uma mão de obra mais qualificada, o que não vem acontecendo. O Sistema S não vem fornecendo essa mão de obra na quantidade que a economia precisa”, atesta Gomes.

O dirigente apresentou um dado assustador para justificar o cenário. Segundo ele, se todas as obras contratadas pelo governo e todos os empreendimentos planejados fossem iniciados agora, o Brasil teria um déficit de mão de obra estimado em quase 68% para preencher as vagas nesses canteiros.

“Temos muitos projetos, tanto de plantas industriais como habitacionais, que precisam aguardar a conclusão de outras para pode ter o deslocamento da mão de obra. Um exemplo atual é no Mato Grosso do Sul, onde um empreendimento industrial do ramo de celulose em Inocência tem de esperar o encerramento de obras da Suzano em outro local para poder começar”, afirma o presidente da CONTICOM-CUT.

Além da baixa qualificação, a reunião debateu outro fenômeno que contribui para o déficit de mão de obra: o envelhecimento dos trabalhadores do setor.

Segundo dados apresentados pelo dirigente, desde 2019 a idade média desse trabalhador subiu cerca de cinco anos, passando de 39-40 anos, para cerca de 45 anos, fruto do baixo ingresso de jovens e uma maior permanência do pessoal mais velho.

“E não é só pelo salário. Parece óbvio que bastaria apenas pagar mais, mas é preciso atrair os jovens que hoje preferem fazer Uber ou virar motoboy do que ter um emprego formal  no setor da construção  com direitos , benefícios e segurança social. Para mudar isso temos de convencer o outro lado [setor patronal] que algo mais tem de ser oferecido à juventude”, avaliou Raimundo Ribeiro Santos Filho, o Bahia, presidente do Sintrapav-PR.