Escrito por: Conticom
Dezenas de lideranças femininas de todo o país para debater conjuntura e pautas da mulher trabalhadora
Além de Dulcilene compuseram a mesa, Edna Santos, representando a Conticom, Marina Gurgel, representando a Internacional da Construção e da Madeira (ICM), Mario Cesar,representando o Ministério do Trabalho Emprego/PE, Liana Araujo, da CUT/PE, Maria Neuma Lira, Secretaria da Mulher CUT/PE e Edvan, representante da Federação da Construção Norte Nordeste, que fizeram um breve saudação aos participantes e saudaram os 30 anos da organização de mulheres dentro da CUT.
DUPLA JORNADA - Marilaine também destacou que o “perfil masculino da construção, e das indústrias numa forma geral não, tem nada de natural, são processos e construções sociais. São papeis determinados, em uma dimensão cultural que se reproduz de maneira convém para essa sociedade, de maneira em que as mulheres fiquem responsáveis pelo que chamamos de reprodução social, cuidando da família, idosos, filhos, casa, etc. De maneira que o estado não fique responsável, ou oferte muito pouco esses serviços públicos”.
APOSENTADORIA - Ela também destacou que “ao mesmo tempo pro capital é importante que as mulheres estejam no mercado de trabalho. Hoje 90% das mulheres que trabalham, são responsáveis por tarefas domésticas, e gastam em média 21 horas por semana, enquanto os homens gastam menos de 10 horas. Ou seja, não tem nenhum favor em as mulheres se aposentarem 5 anos antes que os homens, a mulher a vida toda tem jornada de trabalho mais extensa do que os homes. As taxas de desemprego sempre são o dobro para as mulheres. Trabalho domestico que havia caído nos últimos anos, voltou a crescer depois de 2015, porque o trabalho mais precário e imediato que aparece”.
Após debate sobre o tema o primeiro dia foi encerrado por um tour por Recife, que contou a história da cidade.
Dia Internacional de Não Violência Contra a Mulher
O segundo dia de Encontro foi realizado no Dia Internacional de Não Violência Contra a Mulher, e foi iniciado com a palestra de Regina Célia, vice-presidente do Instituto Maria da Penha. Ela relatou a história de Maria da Penha e concluiu: “o Brasil é um país tolerante com a violência contra a mulher”. Regina fez um histórico da discussão sobre a violência contra a mulher no país e afirmou que o tema só foi discutido para além da saúde pública, depois que o caso de Maria da Penha repercutiu internacionalmente.
Segundo ranking divulgado pela organização não governamental internacional Save The Children com mais de 144 países, o Brasil está entre os 50 piores países para se nascer mulher.
Regina Célia resgatou que o país ainda preserva fortes relações com período colonial, onde éramos regidos pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério e também por suspeitar de traição, ou seja, bastava um boato.
No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o homem era superior à mulher. O Código Civil de 1916 dava às mulheres casadas o status de “incapazes”. Elas só podiam assinar contratos ou trabalhar fora de casa se tivessem a autorização expressa do marido.
JUNTOS - “O resultado disso é que hoje 70% das agressões contra a mulher ocorrem dentro de casa. Mas se engana que acha que a luta das mulheres é uma luta contra os homens. A luta das mulheres e homens e contra a sombra do patriarcado que ambos somos expostos desde que nascemos. O patriarcado nos ‘ensina’ desde pequenos que os homens não podem chorar, não podem fraquejar, não podem falhar, tem que dominar, enquanto as mulheres são criadas para serem frágeis e submissas. A luta pelo direito das mulheres é um compromisso com as futuras gerações de homens e mulheres”, destacou Célia.
Aberto o debate os principais destaques e relatos foram a luta contra a opressão no ambiente de trabalho e em casa. A PEC 55 foi um tema bastante debatido, pois atinge fortemente a saúde e educação, ou seja, atinge ainda mais em cheio as mulheres, pois além de serem grande parte do setor de atuação feminino, quando estes serviço públicos são precarizados sobra também para as mulheres fazê-lo em casa.
A atividade terminou com a aprovação da “Carta do Recife às Mulheres Trabalhadoras do Brasil”, que entre outras coisas afirma que “com o agravamento da crise e da recessão, a tendência é do aumento estratosférico da violência contra as mulheres e do feminicídio, como demonstra a OMS (Organização Mundial da Saúde), os dados são alarmantes: no Brasil a cada 7 minutos há uma denúncia de violência contra as mulheres, com 13 mulheres sendo assassinadas por dia, ficando visível que o problema é desenhado acintosamente”. O próximo encontro será realizado no ano que vem.