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“Elas por Elas”: projeto promove interação e formação sindical para mulheres do setor da construção

Produzir ação sindical para combater a desigualdade e a violência de gênero nos locais de trabalho é o objetivo central do projeto desenvolvido pelo SINTRACOM/Dourados

Publicado: 02 Agosto, 2019 - 15h37

Escrito por: Redação CONTICOM

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                No dia 26 de julho, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Dourados/MS realizou a primeira de uma série de atividades voltadas para o fortalecimento da ação sindical junto as trabalhadoras do setor. “O formato da atividade é um café da tarde, regado com muita interação, descontração e bate papo sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam todos os dias nas obras e como a ação sindical pode promover a igualdade de gênero e um ambiente de trabalho mais adequado para as mulheres”, destacou Aline Chaves, presidenta do Sindicato.

Negociação Coletiva

                Um dos objetivos centrais do projeto é identificar e fortalecer pontos específicos para a negociação coletiva. “Em nossos acordos e convenções, temos poucas pautas que contemplam questões específicas das mulheres. Embora a participação feminina na indústria da construção tenha aumentado nos últimos anos, por outro lado, as entidades sindicais do setor não estão preparadas para contemplar nossa presença nos canteiros e isso se traduz em pouca, ou nenhuma representatividade, tanto nas pautas, quanto no planejamento da ação sindical”, avalia Aline, que, em nível nacional, é uma das poucas presidentas de sindicatos que representam a categoria.

Igualdade de gênero

                “A promoção da igualdade de gênero nos locais de trabalho é um desafio em todos os setores da indústria, contudo, a construção civil é marcada por décadas de atraso na inserção das mulheres no trabalho executado nos canteiros de obras”, destacou Dulcilene Moraes, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CONTICOM.

                Para ela, é urgente que os sindicatos que representam os trabalhadores e as trabalhadoras na construção desenvolvam ações que busquem enfrentar o machismo e a desigualdade de gênero nos locais de trabalho. “Junto com a presença das mulheres, é preciso que haja igualdade de oportunidades e também um conjunto de ações que inviabilizem qualquer tipo de violência (sexual, moral ou econômica) contra as trabalhadoras. Neste sentido, a negociação coletiva deve ser vista como um espaço fundamental para a garantia de mais vagas e igualdade”, avaliou Dulcelene que considera a experiência de Dourados, um exemplo a ser seguido. “Iniciativas como esta que está sendo desenvolvida pelo SINTRACOM em Dourados, devem servir de exemplo para toda a base da CONTICOM”, enfatizou.

Presença nas obras

                Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, revelam que em 2016 as mulheres ocupavam mais de 219 mil vagas, de um total de cerca de 2,122 milhão, com uma participação de 10% no mercado de trabalho do setor da construção civil. Cerca de 50% dessas mulheres, exerciam funções diretamente ligadas aos canteiros de obras.

                “De 2016 até aqui, a crise econômica e o desemprego em alta afetaram primeiro as mulheres, que sempre estão à frente nas filas de demissões. Contudo, a presença delas em funções como serventes, carpinteiras, ajudantes de obra, pedreiras, soldadoras, técnicas em segurança do trabalho e engenheiras, é cada vez mais evidente nas obras”, avaliou a secretaria da Mulher Trabalhadora da CONTICOM.

Políticas Públicas

                Dulcilene avalia que o Estado também tem responsabilidades no assunto e deve implementar políticas públicas capazes de inserir mais mulheres na indústria da construção. Ela cita o exemplo do estado do Rio de Janeiro, onde vigora desde o ano passado, a Lei nº 7.875 que define a reserva de, no mínimo, 5% das vagas de emprego na área da construção de obras públicas em todo o Estado para pessoas do sexo feminino. “Essa lei demonstra o quanto o Estado pode implementar políticas públicas com objetivo de dar maior oportunidades para as mulheres que buscam uma oportunidade de emprego no setor”, concluiu a sindicalista.