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Lugar de mulher também é na construção civil

Muitos homens ainda se apegam nas diferenças físicas para rejeitar a igualdade.

Publicado: 08 Março, 2019 - 13h20

Escrito por: Dulcilene Carneiro de Moraes - Secretária Nacional da Mulher Trabalhara da CONTICOM

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                Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, IBGE, de 2007 a 2018 as mulheres conquistaram um espaço valioso no mercado de trabalho da construção civil. O número de vagas ocupadas por mulheres cresceu cerca de 120% em dez anos. Em 2007, existiam 109.006 trabalhadoras registradas. Em 2018, foram 239.242. Pouco, se comparado aos 12 milhões de vagas no setor, porém bastante significativo sob o ponto de vista histórico.

                Buscamos cada vez mais a qualificação profissional e ocupamos grande parte das cadeiras das salas de aula dos cursos de pintura, eletricista e azulejista. Contudo, a maioria dos professores de profissões específicas do ramo da construção ainda é formada por homens, o que ilustra o longo caminho que ainda temos pela frente para alcançar.

                Os desafios para as mulheres no setor da construção civil são enormes. Falta estrutura adequada nos locais de trabalho e muitos equipamentos de proteção individual não são compatíveis ao corpo da mulher. Os cargos de chefia são quase que inatingíveis e a diferença de salário é grande.  Ainda tem o fato de poucas mulheres ocuparem vagas diretamente ligadas ao canteiro como pedreiras, por exemplo. A maioria atua nos serviços de acabamento e monitoramento da segurança no trabalho”.

                Além de enfrentar o preconceito no local de trabalho, enfrentamos uma sociedade que estigmatiza trabalhadoras que exercem profissões tidas como tarefas masculinas. Ao mesmo tempo em que as mulheres da construção civil precisam provar para as empresas que podem exercer qualquer função, também é preciso convencer a sociedade e até mesmo os governos de tal fato. Muitas vezes os próprios familiares discordam da profissão e dizem que o canteiro de obra não é lugar para mulher.

                O machismo está por toda parte. Quantas pedreiras já foram desafiadas a carregar um saco de cimento, ao exigir salários e direitos iguais? Muitos homens ainda se apegam nas diferenças físicas para rejeitar a igualdade.  

                Por outro lado, existem poucas ações governamentais que busquem incentivar o ingresso de mulheres no ramo da construção civil. Têm poucos cursos profissionalizantes gratuitos e os que existem buscam em suas propagandas atingir tão somente o público masculino, o que contribui para perpetuação do machismo na profissão.

                No aspecto organizativo, o número reduzido de trabalhadoras nas bases sindicais se reflete nas direções dos sindicatos. Isso faz com que os sindicatos desenvolvam poucas ou nenhuma ação específica voltada para as mulheres.

                A luta das mulheres merece maior visibilidade e espaço no movimento sindical. Já passou da hora de debatermos o empoderamento das trabalhadoras da construção civil. Será esse empoderamento, o responsável pela promoção da igualdade de gênero nos locais de trabalho.

 

Recife, 8 de março de 2019,

Dulcilene Carneiro de Moraes - Secretária Nacional da Mulher Trabalhara da CONTICOM