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Condenação da Eternit da novo impulso a luta pelo banimento do amianto

Justiça italiana condena donos da Eternit a 16 anos de prisão pelas mortes de cerca de três mil pessoas por contaminação

Publicado: 23 Fevereiro, 2012 - 14h39

Escrito por: CUT

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No último dia 13, em Turim, Itália, os donos da Eternit, fabricante de telhas, caixas d’água e outros produtos de amianto foram condenados a 16 anos de prisão pelas mortes de cerca de 3 mil pessoas, entre trabalhadores e da população do entorno da fábrica, em razão da contaminação por amianto.
A Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), parceira histórica da CUT e o INCA-CGIL tiveram um papel preponderante na realização deste julgamento, que contou também com o apoio de outras centrais de todo o mundo. 
Este julgamento é histórico e demarca um novo impulso nas lutas pelo banimento do amianto a nível internacional, em especial no Brasil, que está entre os poucos países que ainda extraem e manufaturam
esta fibra cancerígena que já matou e continua matando milhões de pessoas. Demarca também uma referência sem precedentes em outras lutas pela saúde dos trabalhadores. O amianto já foi banido em 52 países.
O fato de o Brasil estar entre os maiores produtores mundiais, juntamente com o Canadá, Rússia e China, num segmento altamente lucrativo, explica a resistência ao banimento.
Frente aos projetos de lei pelo banimento em tramitação no Congresso Nacional e à pressão da sociedade, a indústria do amianto brasileira faz um pesado lobby pelo “uso controlado” do amianto, sob o argumento controverso de que a produção segue padrões de segurança.
Este foi inclusive o argumento usado pela Eternit do Brasil em nota divulgada recentemente pelo Jornal Nacional. A contaminação ocorre, sobretudo, através da inalação e a principal forma de exposição e contaminação é a ocupacional, atingindo trabalhadores da mineração, que extraem e processam as fibras e de setores que utilizam produtos manufaturados, em especial trabalhadores da siderurgia e da construção civil, onde a fibra é largamente utilizada na fabricação de telhas, caixas d’água, materiais de vedação, etc.
Considerando que não há limites de tolerância seguros para substâncias cancerígenas, a CUT e a Conticom defendem o banimento, bandeira histórica que retornou com força na agenda da Central em 2010, nas mobilizações de apoio à iniciativa italiana, que agora se vê revigorada frente a esta importante vitória.