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Conticom destaca importância do Protocolo da Construção para combater precarização e garantir trabalho decente

"Organização no local de trabalho e mesa de negociação permanente são avanços chaves"

Publicado: 17 Fevereiro, 2012 - 18h48

Escrito por: Leonardo Severo

 

Última reunião da mesa nacional tripartite realizada no dia 26Última reunião da mesa nacional tripartite realizada no dia 26
No próximo dia 1º de março será assinado em Brasília o Protocolo da Construção Civil, um pacto onde governo, empresas e trabalhadores firmam compromissos para melhorar as condições de vida e trabalho do segmento, estabelecendo uma mesa nacional de negociação permanente. A atividade está marcada para as 11 horas, no Palácio do Planalto, e contará com a participação da presidenta Dilma Rousseff.

Em entrevista para o Portal do Mundo do Trabalho, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT), Claudio da Silva Gomes, faz uma avaliação sobre a relevância do pacto e da recente reunião da executiva da entidade, realizada em Campo Grande-MS, com a presença do secretário geral da CUT Nacional, Quintino Severo. Durante a análise de conjuntura, Quintino sublinhou o papel chave jogado pela Conticom/CUT nos últimos anos, com mobilizações e paralisações em todo o país, para pressionar o empresariado e o governo a fim de estabelecer o protocolo.

Após tanta luta, estamos prestes à conquistar o Protocolo da Construção Civil. Qual o significado deste momento para os operários da construção?

Avaliamos que este é um momento de extrema importância, onde acumulamos no rumo da construção de um Contrato Coletivo Nacional para o Ramo. Este pacto não é exatamente o contrato, mas é um passo fundamental, estabelecendo regras de relações de trabalho para todos os agentes econômicos que vão impactar positivamente no dia-a-dia dos canteiros de obra.

Quais os principais avanços obtidos com o pacto?

Para nós que buscamos o Contrato Coletivo Nacional, o pacto acaba sendo um precursor, com o estabelecimento de mesas permanentes em que será aperfeiçoado, o que garante que os avanços não vão parar na sua assinatura. Outro ponto chave assegurado pelo pacto é a Organização no Local do Trabalho (OLT), reivindicação histórica da CUT e de suas entidades. Conseguimos estabelecer no pacto um bom início de caminhada com um representante para os primeiros 500 trabalhadores e mais um por fração de 500, até o limite de sete.

Houve – e há – um esforço da Conticom/CUT para unir o conjunto do movimento sindical nesta empreitada. Fale um pouco sobre isso.

Independentemente das centrais sindicais a qual os sindicatos são filiados, começamos a construir uma pauta única. Nosso entendimento é que se estão sendo utilizados recursos públicos nos empreendimentos, nada mais justo do que vincular a liberação deste dinheiro à existência de trabalho decente, não precário. Isso também é importante num momento em que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, com a realização da Copa do Mundo de 2014. As obras estão sendo erguidas por empresas multinacionais brasileiras, que têm uma imagem a zelar, que não querem se expor com denúncias de condições de trabalho degradante, com operários de segunda categoria e condições totalmente impróprias. A articulação do movimento sindical tem produzido frutos, pressionando por uma relação mais civilizada nos canteiros. Vamos continuar unidos e mobilizados para avançar.

E o projeto de lei que limita a liberdade e a autonomia sindical durante os jogos do mundial de futebol, apelidado pelo presidente da CUT, Artur Henrique, de Ai-5 da Copa?

É uma enorme aberração. É uma iniciativa de setores que não se acostumaram com a democracia e a liberdade de expressão e que querem voltar com atos de exceção, que espelham as ditaduras mais tirânicas. O lamentável é que venham de partidos da base aliada do governo, deputados do próprio PT, um partido que cresceu muito e que alguns dos seus parlamentares não acompanharam a evolução da sociedade.

Uma das bandeiras que a Conticom tem defendido é a da redução dos juros para fortalecer a produção e o mercado interno...

Temos expressado a compreensão de que a redução dos juros deve ser cada vez mais uma bandeira do conjunto da classe trabalhadora, pois ela dialoga com o fortalecimento da produção e do nosso mercado interno. Reduzir o juro significa colocar a ênfase no desenvolvimento nacional, decrescendo o desemprego, protegendo as relações de trabalho. No nosso setor, a taxa de juros é um indicador mais do que importante, ele é quase vital. Se conseguimos manter um pique é porque temos juros diferenciados dos praticados pelo mercado, com mecanismos mais acessíveis, mais compatíveis com o que se pratica lá fora. Nosso entendimento é que a melhor forma de minimizar os impactos da crise dos países capitalistas centrais é incentivar e dinamizar a economia interna, deixando o país menos vulnerável às oscilações.