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CNI comemora “recuperação” do ramo da construção com base em aumento da precarização e terceirização

Greves por falta de pagamento e condições dignas de trabalho se multiplicam pelo país

Publicado: 09 Agosto, 2016 - 10h35

Escrito por: Conticom

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou, na semana passada, que a desaceleração no setor da construção perdeu fôlego em junho. Segundo ela, “confirmando tendência de recuperação observada desde o início do ano”. A CNI e os jornais que divulgaram a notícia não se preocuparam em mostrar, entretanto, que essa “recuperação” se deu com base numa ainda maior precariza- ção e terceirização da mão de obra. Segundo a CNI, o índice de evolução do nível de atividade da construção civil em junho foi de 41,2, enquanto em maio foi de 40,1. Quanto mais esse número se aproxima de 50, menor é a redução da atividade no setor. Em dezembro de 2015 esse índice foi de 33,3, o menor nível da série histórica, iniciada em 2009.

DURA REALIDADE - O Mato Grosso do Sul, por exemplo, é um dos poucos estados do país em que o setor da constru- ção tem registrado melhora na geração de emprego. De janeiro a maio deste ano o saldo foi positivo na construção de edifícios(+989), construção de rodovias e ferrovias (+536) e obras de terraplenagem (+231). Conforme apurou o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Campo Grande, ao mesmo tempo que o setor registra crescimento, também vêm crescendo o número de “gatos”. Toda semana temos denúncias de falta de pagamento, de precarização, de empresa que vai embora e deixa os trabalhadores na mão. Também se multiplicam as greves nos locais de trabalho pela falta de pagamento e condições dignas. E também há muitos casos de terceirização atingindo quase a totalidade da obra, como é o caso da MRV.

RECUO - Para Claudio da Silva Gomes, presidente da Conticom, “este ‘iní- cio da retomada’ está diretamente ligado à piora nas condições de trabalho, que vai desde a falta de pagamento até a retirada de direitos. O que vemos por todo país é o aumento da inadimplência por parte das construtoras. Elas fazem parte de um dos setores que mais cresceram e ganharam dinheiro nos últimos anos no país e, agora, quando passamos por um período de instabilidade, descontam nos trabalhadores. Não dá para se enganar”.

PERDAS - A construção civil perdeu quase 500 mil postos de trabalho no último ano, com base em informações do Ministério do Trabalho e do Emprego. O IBGE aponta que existem hoje 11,6 milhões de pessoas desempregadas no país. De abril a junho, mais 497 mil trabalhadores perderam o emprego. Números apurados pelo Instituto apontam que a quantidade de empregados com carteira assinada recuou 4,5% em um ano, representando uma perda de 1,5 milhão de empregos formais. Enquanto houve crescimento anual de 3,9% na categoria “trabalhadores por conta própria”, o que inclui aqueles que, desempregados, recorrem a subempregos.

ARROCHO - O rendimento real do empregado caiu para R$ 1.972 no segundo trimestre deste ano, o que significa que os trabalhadores estão ganhando menos e que a massa de rendimento que temos hoje é a mesma de janeiro de 2013.