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Apesar da crise, operários de obra da Klabin fazem acordo histórico

11 mil trabalhadores de canteiro de obras, no Paraná, conseguem desde aumento real e seguro de vida até “kit bebê”

Publicado: 29 Maio, 2015 - 12h34

Escrito por: CUT Nacional

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Só notícias boas para os aproximadamente 11 mil trabalhadores e trabalhadoras da obra de construção da nova fábrica da indústria de papel e celulose Klabin, no Paraná. Ao menos, no que diz respeito ao acordo coletivo fechado e aprovado ontem, dia 27, numa assembleia que reuniu mais de 10 mil operários.

As negociações e a mobilização foram conduzidas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada no Paraná, filiado à CUT.

Aumento salarial de 10,5%, acima das projeções de inflação para o período entre junho deste ano e o mesmo mês do ano passado, em torno de 8%. Junho é a data-base daqueles trabalhadores.

O chamado “vale-compra” (para refeição ou despesa no comércio de alimentos) passou de R$ 400 para R$ 550. A partir de dezembro, esse benefício passará a valer R$ 585. Haverá cesta de Natal no mesmo valor.

A PLR (participação nos lucros e resultados) foi elevada de 1,4 salário adicional por ano (como se fosse um 14º) para 1,8 salário para cada operário, distribuída de acordo com critérios de frequência e assiduidade.

Outra cláusula dispõe que os trabalhadores que fizerem até 40 horas extras mensais passam a receber adicional de 50%. Acima de 40 extras, o adicional é de 80%, mesmo índice para as jornadas aos sábados. Quem trabalhar sábado ou domingo, terá adicional de 120%.

O acordo fechado também estabelece que todo o operário que estiver a 700 km ou mais de distância de sua família terá 10 dias de folga, a cada período de 80 dias, para visitá-la. Passagens rodoviárias de ida e volta pagas pela empresa contratante, e mais R$ 45 diários para alimentação durante o trajeto.

A lista de conquistas não terminou ainda. Nos dias de pagamento, todos os trabalhadores terão as tardes de folga para poder resolver pendências bancárias. Caso sejam convocados para trabalhar nesta tarde, receberão adicional de 120% sobre o dia.

Para quem ganhar bebê, o acordo coletivo garante um kit no valor de R$ 500. Todos têm seguro de vida no valor de R$ 50 mil – ou proporcional à gravidade da lesão em caso de acidente. Plano de saúde também faz parte. Por fim, avisos prévios serão cumpridos integralmente, segundo o acordo coletivo.

Ritmo intenso e contratações

Provocado sobre uma possível generosidade das empreiteiras que atuam na obra, o secretário-geral do sindicato, Raimundo Ribeiro, o Bahia, responde rápido: “Aqui tem ação sindical, rapaz”.

De fato, desde o início das obras do complexo, em março de 2013, o sindicato tem organizado permanentemente os trabalhadores, segundo Bahia. Uma subsede do sindicato foi instalada próxima ao canteiro de obras. Desde que 2015 começou, uma possível greve já estava sendo preparada, caso as negociações em torno da data-base fossem ruins. Não foi preciso paralisar atividades.

A unidade da Klabin, batizada pela empresa de Projeto Puma, tem ritmo de obras intenso. Longe do impacto dos noticiários negativos a respeito de crise econômica e fora dos reflexos das investigações da Lava Jato sobre o setor, o projeto aumentou em quase 3 mil seu número de contratados este ano. Em dezembro, eram 8,5 mil.

Com área equivalente a 200 campos de futebol, a planta industrial inclui a construção de estrada e ramais ferroviários. O projeto fica localizado entre os municípios de Telêmaco Borba (75 mil habitantes) e Ortigueira (23,5 mil habitantes), na região dos Campos Gerais do Paraná. A entrada em operação da fábrica está prevista para 2016.

“Este acordo é muito importante para servir de parâmetro positivo nas negociações que estão ocorrendo, para se contrapor aos argumentos negativos ou pessimistas que os representantes das empreiteiras têm apresentado nas mesas”, diz Bahia. “Temos sempre argumentado que os trabalhadores não podem pagar pela crise e lembrado que os ganhos das empresas nos anos anteriores precisam ser considerados”, completa.