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Fiscalização do Sintcop resgata trabalhadores haitianos em situação análoga à escravidão, em Bandeirantes/MS

Junto com o MPT, sindicato acompanha a situação e busca soluções para o caso

Publicado: 13 Outubro, 2014 - 14h29

Escrito por: Sergio Souza Junior

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Na última terça-feira (7) a fiscalização do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e afins de Mato Grosso do Sul (Sintcop-MS), realizou mais uma ação de rotina no município de Bandeirantes (MS), quando se deparou com uma grave situação de trabalho análogo à escravidão de trabalhadores haitianos.

Ao todo dez trabalhadores haitianos foram encontrados em situação de calamidade humanitária. A maioria deles já foi dispensada do trabalho e, por não receberem devidamente seus pagamentos, agora não tem condições de se alimentar ou de saírem do local. Eles estavam há pelo menos 3 dias sem ter o que comer em seu alojamento.

Valter Vieira dos Santos, presidente do Sintcop-MS, explicou que a equipe do sindicato “foi realizar uma fiscalização periódica em Bandeirantes e encontrou trabalhadores em condições precárias, em razão da péssima situação do seu alojamento, refeições e o atraso das suas verbas rescisórias. Levamos os trabalhadores até o Fórum local para buscar uma solução. O juiz da cidade foi até o alojamento conosco e avaliou que a situação dos trabalhadores era análoga à escravidão. A partir daí ele nos orientou a fazer denúncia no MPT”.

A empresa FBS Construção Civil e Pavimentação Asfáltica, é a responsável pelas obras de duplicação e adequação da BR 163, no trecho entre Campo Grande e Sonora no Mato Grosso do Sul. A FBS terceirizou parte da obra, através da empresa Global, de propriedade da empresária Aparecida Cançado Garcez, quem tratou diretamente com os haitianos envolvidos neste caso.

Promessas não cumpridas - Os haitianos vieram para o Brasil para trabalhar nas obras da Copa do Mundo, em Cuiabá. Depois disso, receberam proposta da Global para trabalhar em obra na BR-163 e receber salário de R$ 1.200, com alojamento e refeição garantida.

“Prometeram casa grande, com geladeira, fogão e comida. Ficamos três dias sem comida, não tinha geladeira nem fogão, só um banheiro e três quartos pequenos para ficarmos”, conta Pierre. Para piorar, na carteira de trabalho dos estrangeiros, o salário que seria de R$ 1.200 foi registrado com o valor de R$ 800.

Indignados, os haitianos procuraram o fórum de Bandeirantes e entraram em contato com o Sintcop-MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e afins de Mato Grosso do Sul), que fazia fiscalização de rotina na cidade.

Ação sindical - Segundo Valter, “após o deslocarmos os dez trabalhadores para a capital, procuramos o MPT a título de urgência e fomos gentilmente atendidos pelo Procurador Cícero Rufino. Após audiência com a participação dos haitianos, ficou definido que MPT, através do Fórum do Trabalho Decente conseguimos viabilizar hotel e alimentação dos trabalhadores, até o dia da audiência do caso que será realizada dia 16”.

O sindicato vai acompanhar os haitianos na audiência e vai procurar viabilizar, junto às empresas, a possibilidade de alocação dos trabalhadores em vagas de trabalho de forma adequada.

A CUT desenvolve uma campanha que exige que as empresas da construção pesada, da construção civil, entre outras, garantam condições dignas de alojamento e trabalho a seus empregados, deixem de fazer uso de terceirizações ilícitas, respeitem a Instrução Normativa 90 do Ministério do Trabalho e Emprego que regulamenta condições para recrutamento e transporte de trabalhadores contratados em localidades diferentes e assinem o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.