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Peça de 500 toneladas desaba no Itaquerão provocando a morte de 2 trabalhadores

"Fatalidades" se repetem no setor que mais sofre com a precarização no país

Publicado: 27 Novembro, 2013 - 21h29

Escrito por: Camila Caresia

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Nesta quarta-feira (27) por volta das 13 horas uma peça de 500 toneladas que estava sendo colocada por um guindaste na cobertura do Itaquerão desabou, deixando dois trabalhadores mortos. Não se sabe ao certo ainda se cedeu ou caiu, o que vai ficar para a perícia responder em cerca de 30 dias.

Mas sabemos que os dois operários mortos trabalhavam para empresas terceirizadas. Embora seja a Odebrecht a responsável pela obra, a mesma é responsável pela "terceirização" de diversos "acidentes" em todo o país: Fabio Luiz Pereira, de 42 anos, era motorista/operador de munck e trabalhava na empresa BHM. E Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44 anos, era montador da empresa Conecta. 

Continuamos nos perguntamos até quando as grandes empresas vão tirar o corpo fora?  Quando serão responsabilizadas criminalmente? Até quando acidentes como estes serão tratados como "fatalidades"? 

Os trabalhadores da construção civil são os mais precarizados no país. Atualmente 40% dos acidentes ocorrem neste setor, onde cerca de metade dos trabalhadores não são registrados. Não precisamos ir muito longe para nos lembrar de mais exemplos: em setembro 111 operários que trabalhavam na reforma do aeroporto de Guarulhos foram encontrados em regime de trabalho análogo à escravidão.Damos este exemplo porque isso ocorreu em São Paulo, o principal estado do país, mas esta é uma triste realidade que se repete todos os dias em milhares de canteiros.

A obra do Itaquerão foi alvo de diversas denúncias de superfaturamento e, como muitas outras, continuou a ser tocada a toque de caixa. 

O principal problema é que quem paga a conta, além da sociedade, são os trabalhadores cada vez mais precarizados e terceirizados, o que no fim das contas é uma redundância.

Num cenário como este ainda corremos o risco da consolidação do PL 4330?

Não é possível que um país se desenvolva, se torne mais justo e igualitário desta maneira. Precisamos e temos muito o que avançar.

Diversas ambulâncias prestaram assistência no local e os bombeiros resgataram um outro trabalhador que ficou preso nos escombros.

O ex-presidente do clube Andres Sanches, um dos responsáveis pelas obras na futura arena do Corinthians, estava no local para um evento que comemorava o contrato da Caixa e BNDES. Sanches está sendo acusado, junto com seus seguranças, de agressão por repórter da Folha que tirou fotos da Arena depois do acidente.