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Vitória histórica: trabalhadores da construção civil do Espírito Santo arrancam 14% de aumento e R$ 400 de cesta básica

Justiça reconhece luta do sindicato e também abona dias de greve

Publicado: 06 Julho, 2012 - 14h50

Escrito por: Luiz Carvalho, da CUT Nacional

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Mais uma vez, a mobilização, a organização e a capacidade de pressão do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Espírito Santo (Sintraconst-ES) resultaram em uma grande vitória.  


Na tarde dessa quarta-feira (4), em decisão unânime, os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho local julgaram o dissídio coletivo da categoria e estabeleceram um aumento de 14% nos salários para todos os operários do estado.

Era exatamente o que exigia o Sintraconst-ES, que, até então, havia arrancado o índice para os operários das grandes empresas, como Mendes Júnior, as empreiteiras da Samarco e da 8ª Usina da Vale. Agora, o benefício é geral, tanto para o pessoal da indústria quanto da construção.

No caso da construção, serão 12% de aumento retroativos a maio e mais 2% em novembro. A cesta básica será de R$ 170, com outros R$ 80 de gratificação para os trabalhadores que não apresentarem faltas injustificadas no mês. As empresas também arcarão com R$ 60 do valor do plano de saúde

Já na área industrial, serão 14% de aumento, R$ 400 de cesta básica e plano de saúde gratuito e extensivo à família.

Os avanços são resultado da greve realizada em maio e também considerada legal pelo Tribunal no julgamento de quarta. Portanto, todos os dias serão abonados. Na ocasião, mais de 5 mil obras foram paralisadas e 99% da categoria aderiu ao movimento que reuniu cerca de 80 mil trabalhadores.

Presidente do Sintraconst-ES, Paulo Peres, o Carioca, destaca, inclusive, que a capacidade de diálogo do sindicato com as bases foi reconhecida e elogiada pelos desembargadores, enquanto a atuação das empresas foi alvo de críticas.“O Sinduscon (sindicato patronal) pediu abusividade da greve e os desembargadores lembraram que o Espírito Santo cresce em um ritmo superior ao da China, que a construção é um dos setores que mais lucram, ressaltou que o preço dos imóveis crescem a um ritmo assustador e que oferecer somente 6% de reajuste é um enfrentamento aos trabalhadores e, praticamente, um convite à greve”, afirmou.

Agora é na pesada – Após essa conquista, o sindicato segue para defender os cerca de 50 mil empregados da indústria pesada.

O Sintraconst-ES passa a ocupar o lugar do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada do Espírito do Santo (Sindopem-ES). Há 15 anos, a entidade que representa os operários de grandes obras como rodovias, pontes, estádios e viadutos, enfrentava um processo na Justiça do Trabalho apontando sua ilegalidade.

A direção do Sindopem era uma aula de ataque à classe trabalhadora, com convenções que permitem banco de horas, ao invés de pagamento de horas extras, e contratos temporários. Situação que apenas reforça a luta histórica da CUT para que a organização sindical seja livre e autônoma.

“Em 15 dias começamos a negociar com os patrões. A data-base é em setembro e já queremos iniciar com tudo”, aponta Carioca.