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No ES, trabalhadores da Samarco também cruzam os braços; descaso da Mendes Júnior causa conflitos no canteiro

Greve em obra da Petrobrás será julgada hoje

Publicado: 25 Abril, 2012 - 16h29

Escrito por: Luiz Carvalho, de Vitória

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A última das três grandes obras no Espírito Santo em que os operários ainda mantinham a produção aderiu à greve na manhã desta quarta-feira (25). Por volta das 8h, uma assembleia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintraconst-ES) rejeitou a proposta dos empresários de antecipação de 13% do aumento salarial e mais R$ 375 no cartão alimentação.

Diante da decisão, a categoria com data-base em 1º de maio segue para a discussão da convenção coletiva com as principais construções paralisadas no Estado. Desde o último dia 19, o pessoal da Mendes Júnior, em Aracruz, responsável pela construção do Terminal Aquaviário do Barra do Riacho - obra da Petrobrás -, mantém os braços cruzados por conta da demissão da comissão de negociação e da decisão da empreiteira em não receber a pauta de reivindicações. Na 8ª Usina da Vale, em Vitória, a base disse não aos mesmos 13% de aumento salarial e à elevação do cartão alimentação para R$ 300.

Dessas, a situação mais crítica está no TABR. Indignados com a falta de pagamento e com a postura da empresa, que não discute nada além da compensação, e ainda por cima apenas de metade dos dias parados, os operários invadiram o canteiro após assembleia como forma de protesto. “Nossa base exige ao menos 100% de abono dos dias e o pagamento na conta. Já os empresários disseram que a única forma de resolver essa questão é amanhã, no Ministério Público (MPT), demonstrando que acreditam, como sempre, em vencer no Judiciário”, comentou o secretário de Formação do Sintraconst-ES, Erci Nicolau, que  acompanhou o encontro pela manhã.  

O dirigente refere-se à audiência de conciliação no MPT marcada para hoje, às 14h. “Fizemos um acordo para que os companheiros mantenham a calma até chegarmos com o resultado desse encontro.”

A transposição do diálogo, que deveria ocorrer na mesa de negociação e vai para os tribunais, tornou-se uma rotina para o sindicato. Exemplo disso é a liminar obtida pelo consórcio CMU, formado pelas construtoras MCE e União, que chegou hoje ao Sintraconst-ES alegando impedindo do acesso dos operários à empresa.

Terceirização dificulta negociação
Da mesma forma que na última segunda, o dia começou chuvoso em Anchieta, município onde fica a obra da Samarco. Porém, dessa vez, o mau tempo deu uma trégua e permitiu ao Sintraconst-ES dialogar com os operários.

O aumento nos vencimentos e no vale alimentação propostos pelas empresas não foram suficientes para evitar a mobilização. Em contrapartida, a categoria apontou que o movimento paradista só termina com a elevação de 16% nos salários e R$ 400 no cartão alimentação.

Secretário de Saúde do sindicato, Virley Santos, ressaltou a necessidade de os empresários do setor da construção, que ganharam muito dinheiro nos últimos, olharem para outros índices que norteiam as negociaçãões no Brasil, como o aumento de 14% do salário mínimo. “A empresa tem levado ouro, mas o trabalhador só deixa o couro.”

De acordo com Santos, além da ânsia por lucros, outro problema que emperra a discussão é a pulverização dentro dos canteiros. “Só aqui na Samarco são 15 terceirizadas, situação idêntica à Vale. Apenas na construção do terminal que o número é menor, umas quatro. Isso atrapalha muito a discussão porque há casos, por exemplo, em que a empresa principal aceita oferecer passagem de avião para o retorno do trabalhador, mas a menor quer que ele utilize ônibus, mesmo em grandes distâncias”, explicou.

Próximos passos – Enquanto as empreiteiras endurecem o jogo, a mobilização aumenta cada vez e já trás para luta os trabalhadores da área de edificação, que decretou estado de greve e deixou clara a unidade da categoria. Em Vila Velha, quatro obras já estão paradas.

O movimento deve ganhar ainda mais força no próximo dia 1º quando o Sintraconst-ES promoverá uma grande assembleia da campanha salarial na Praça dos Namorados, em Vitória. A seguir, todos seguem até a praia de Camburi, também na capital gaúcha, onde a CUT-ES promove a celebração do Dia do Trabalhador.