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Coalizão que apoia Maduro vence eleições legislativas na Venezuela

Partido GPP angariou 67,7% dos votos e deve ter maioria na Assembleia Nacional. Triunfo devolve controle do Legislativo à esquerda

Publicado: 07 Dezembro, 2020 - 18h47

Escrito por: Escrito por: Lucas Estanislau/ Opera Mundi

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A coalizão chavista Grande Polo Patriótico, formada pelo governista PSUV e outros oito partidos de esquerda, venceu as eleições legislativas da Venezuela realizadas neste domingo (6). Segundo a primeira divulgação de dados da apuração feita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país às 01h30 da madrugada desta segunda-feira (7), após 82% das urnas apuradas, o GPP angariou 67,7% dos votos e deve ter maioria na Assembleia Nacional.

Em segundo lugar aparecem os partidos de oposição que compõe a frente de centro e direita Aliança Democrática, que conquistaram 17,95% dos votos. A coalizão opositora é formada por partidos tradicionais como AD e Copei, além de El Cambio e Acción Popular.

A oposição de esquerda, por sua vez, conformada pelo Partido Comunista da Venezuela e outras legendas, obteve 2,73% dos votos válidos.

Ao todo, foram registrados 5.264.104 de votos, marcando uma participação de 31%.

No centro de Caracas, lideranças chavistas se reuniram com militantes e apoiadores para celebrar a vitória. O presidente do PSUV e agora deputado eleito Diosdado Cabello afirmou que todo o processo eleitoral foi “concluído em paz e temos muitas razões para estarmos felizes”.

“Logo após os primeiros resultados, parece que elegemos deputados em 23 regiões do país, caberá às autoridades eleitorais dizer, mas a felicidade do nosso povo já é uma realidade”, disse.

Cabello ainda conversou, através de uma videoconferência, com o presidente Nicolás Maduro, que felicitou o desempenho do GPP nas eleições legislativas na Venezuela e afirmou que a Assembleia Nacional foi “recuperada pelo povo”.

“Nós sabemos ganhar e perder e hoje cabe à Venezuela ganhar um Parlamento novo que se inicia em 5 de janeiro, em paz”, disse.

Ainda de acordo com o presidente, as eleições legislativas na Venezuela iniciaram “um novo ciclo, um caminho positivo, virtuoso, de trabalho e recuperação da economia, de superação do bloqueio”.

Apesar da vitória com ampla margem pela coalizão chavista, ainda não é possível indicar todos os nomes e a quantidade exata de cadeiras que ocuparão no Parlamento, já que a Venezuela tem duas modalidades para eleger seus deputados (nominal e lista) e depende de coeficiente de votação local.

O triunfo chavista deste domingo devolve, portanto, a Assembleia Nacional às mãos da esquerda venezuelana, após o Legislativo ter sido controlado pela oposição desde 2015. Durante esses anos em que esteve sob controle da direita, o Parlamento passou por um crise te legitimidade e teve seus poderes retirados pela Justiça.

O fato que rivalizou o Legislativo com o Executivo foi a escolha de Juan Guaidó, um então jovem e desconhecido deputado, para presidir a AN. Após a a decisão judicial sobre a Assembleia, Guaidó inicia uma campanha abertamente golpista contra o governo. Desde que se autoproclamou presidente do país, em 2018, o deputado protagonizou duas tentativas de golpe, um envolvimento com uma invasão mercenária frustrada, parcerias com milícias narcotraficantes da Colômbia e o roubo de ativos venezuelanos no exterior, principalmente em países que o reconhecem como mandatário legítimo da Venezuela.

Como foi a votação

A reportagem de Opera Mundi visitou alguns locais em Caracas, capital venezuelana. Na Universidade Educativa Boliviariana Gladys Vanegas, localizada no bairro de Coche, eram esperados mais de 2.900 eleitores.

Segundo eleitoras que estavam presentes no local, o tempo de espera era de aproximadamente uma hora até que pudessem exercer seu voto. De acordo com os fiscais da zona, os protocolos de segurança impostos pelo CNE para conter a transmissão da covid-19 tornaram o processo ligeiramente mais lento, embora mais seguro durante a pandemia.

A coordenadora do centro de votação na Escola Básica Caracciolo, no bairro de El Valle, Juaniza Sánchez, afirmou que a população estava cumprindo com todas as normas sanitárias e que a participação eleitoral era grande. “A colaboração das pessoas está excelente, todos respeitando o distanciamento social e as normas de biossegurança. Esperamos mais de 4.600 eleitores e nenhuma falha nas urnas eletrônicas foi registrada”, disse.

A funcionária pública Núbia Duarte, de 56 anos, compareceu pela manhã às urnas e disse estar muito contente por exerceu seu direito ao voto. “Essas eleições são muito importantes, precisamos resolver o tema da guerra econômica contra a Venezuela para que nosso país possa continuar a se desenvolver”, disse.

David Saquera, membro da juventude do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), também exerceu seu direito ao voto neste domingo e disse que as eleições são uma demonstração de que o povo venezuelano “não teme o bloqueio norte-americano”.