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‘Moro mente. Além de ser Pinóquio é um fantoche’, afirma Haddad.

Em ato de juristas, Haddad aponta ilegalidades de Moro na Lava Jato e cobra militares: "Não podemos chamar de Forças Armadas meia dúzia de generais entreguistas".

Publicado: 20 Agosto, 2019 - 17h15

Escrito por: Redação CUT

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 “Moro mente. Além de ser um Pinóquio, é um fantoche. Não conseguiu honrar seu cargo de ministro e vem sendo humilhado diuturnamente pelo governo que ele resolveu servir”, disparou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Candidato à Presidência da República pelo PT, em 2018, Haddad também é advogado e esteve na noite desta segunda-feira (19) na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, em São Paulo. Ao lado dele, um grande número de juristas, lideranças políticas e autoridades, juntos para denunciar atos ilícitos do ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Sergio Moro.

O ato foi convocado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), que conta com mais de 2 mil associados, entre juízes, desembargadores, acadêmicos cujo objetivo é denunciar violações de direitos. E celebrou oficialmente o lançamento da campanha #MoroMente, que já toma as redes sociais e círculos de advogados desde o início desse mês.

As ações têm como objetivo “explicar à população quais foram as violações de direitos cometidas pelo ex-juiz e apontar as mentiras que ele conta para justificar sua atuação criminosa durante a Lava Jato”, afirma a entidade. Foram lidos dois documentos: uma carta da ABJD (leia ao final) sobre a campanha e outra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político pela operação.

Haddad subiu o tom contra Moro, a quem atribuiu “todas as ilegalidades possíveis para bancar uma história, inventar provas para tirar Lula da disputa presidencial, que ele ganharia”. O objetivo de Moro? Colocar no poder o seu projeto, da extrema-direita, que culminou na eleição de Bolsonaro (PSL), tornado evidente, segundo operadores de direito, quando o ex-juiz só deixou a condução promíscua da Operação Lava Jato – como revelado pela Vaza Jato – para assumir um cargo no governo que ajudou a eleger.

Desonra militar

Clamando por justiça, Haddad expôs outra face do projeto de poder de Moro e Bolsonaro: o entreguismo. O petista fez um apelo àqueles que, teoricamente, deveriam se dedicar à defesa do país: as Forças Armadas. “Ficamos atônitos também com o comportamento dos militares bolsonaristas. Temos de começar a chamar as coisas pelo nome. Não podemos chamar de Forças Armadas uma meia dúzia de generais entreguistas. Desonram a pátria e desonram o Brasil, entregando o patrimônio nacional.”

Haddad lamentou a postura desses militares bolsonaristas em desafiar as instituições. “A cada momento em que o STF é chamado a fazer Justiça, entra no circuito um militar bolsonarista ameaçando, dizendo que tem homens armados, tuitando para constranger os ministros. Me pergunto o que se passa na cabeça de alguém que chegou a general diante de tanta entrega do patrimônio nacional. Temos que libertar o Judiciário da intimidação, para que cumpram seu dever e declare esse processo uma farsa.”

Histórico lamentável

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, lembrou que as denúncias contra a conduta imparcial de Moro não são de hoje. “Desde o primeiro dia da Lava Jato vi os abusos. Com um maniqueísmo simplório, com apoio da grande mídia, começaram a dizer que aqueles que apontam os excessos da Lava Jato eram contra o combate à corrupção. (…) Vendo os abusos se avolumar, notei que, cada vez mais, estávamos com um caso patológico. Tivemos uma força tarefa ilegal conduzida por um juiz altamente parcial. Absolutamente. Fazemos denúncias porque Moro levou o processo de forma imoral”, disse.

Para o advogado, “Moro está onde merece estar”, no governo Bolsonaro. “Vamos deixá-lo sangrar em praça pública. Vamos deixar que eles convivam. Se ele sair como vítima, será sério. Ele sangra dia a dia. Importante é ter a certeza de que sempre estivemos do lado certo. Não desistamos. O projeto dele já é derrotado. Não vai sobrar uma única proposta. Estamos juntos e acredito, quando vejo um núcleo como esse, que é necessário sonhar, acreditar, ter utopia”, completou.

Corrupção e vício

O deputado federal do Psol paulista Ivan Valente lembrou que Moro mentiu para a população sobre os verdadeiros objetivos da Lava Jato. “Muita gente acreditou que a Lava Jato tinha como papel combater a corrupção. Está claro que Moro não combateu a corrupção, ele corrompeu a democracia. Ele precisa pagar o preço. Desmoralizado, desmistificado e fora do ministério imediatamente.”

Para o parlamentar, a atuação do ministro, desde o período como juiz, foi direcionada ao projeto da extrema-direita entreguista. “Entendemos que Moro não foi só um juiz imparcial. Ele trabalhou como político, articulou, planejou e conseguiu o golpe inconstitucional que impediu a chegada de Lula à presidência. Ele tem intensa responsabilidade na chegada do Bolsonaro no poder.”

E finalizou com uma provocação: “A relação do Moro e do Dallagnol que foi revelada pela Vaza Jato não é só caso de perda de função. É caso de processo e cadeia.”

Ilegalidades também apontadas pela presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que classificou a Lava Jato como “operação viciada”. “A pauta desse governo é uma pauta de destruição. Moro é criminoso não só por esse processo. É criminoso por deixar o povo brasileiro perecer, criminoso por destruir nossa soberania e nossa Constituição. As injustiças cometidas pela Lava Jato reproduzem as injustiças que acontecem todos os dias contra os mais pobres. Injustiças essas, justamente porque não queriam um país com inclusão social.”

Com reportagem de Cláudia Motta e redação de Gabriel Valery