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Pedro Serrano: 'Não conheço caso mais grave na história do Judiciário do Brasil'

Na avaliação do jurista Pedro Serrano, conversas vazadas pelo The Intercept mostram a adoção de atitudes jurídicas com finalidade política. "É gravíssimo", ele diz

Publicado: 10 Junho, 2019 - 16h30

Escrito por: Redação RBA

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“O que era uma crítica teórica feita por acadêmicos, crítica jurídica feita por juristas, e crítica política realizada por determinados segmentos se transformou em prova e no maior escândalo do Judiciário brasileiro.” Esta é a avaliação do professor de Direito Constitucional da PUC-SP Pedro Serrano sobre o conteúdo das conversas entre procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro revelado pelo The Intercept Brasil.

“É chocante tudo que foi feito, não dá para minimizar o fato. Houve um tipo de relação entre juiz e procuradores absolutamente antiética e fora de qualquer padrão de legalidade”, diz, em entrevista a Marilu Cabañas e Glauco Faria na Rádio Brasil Atual. Para Serrano, as conversas “mostram a adoção de atitudes judiciais ou pretensão de adotá-las com finalidade politica, para interferir em eleição inclusive, o que é gravíssimo”.

Segundo o jurista, dadas as evidências expostas pela reportagem, a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é questionável.  “O processo contra Lula demonstra absoluta nulidade, se for mantido o Judiciário brasileiro demonstra ausência de cumprimento mínimo da Constituição e normas básicas de civilização. Temos provado documentalmente a parcialidade de Moro e os procuradores agiram politicamente. Essa documentação foi obtida aparentemente de forma ilícita, não creio que seja apta para gerar a criminalização de ninguém, isso não significa que essa documentação não possa beneficiar réus. Um deles é Lula. A atitude seria adequada do ponto de vista ético o afastamento desses procuradores, o mínimo para dar uma resposta à sociedade, vi que o MP reagiu”.

Ainda de acordo com Serrano, o argumento de ilegalidade sobre as conversas vazadas pode não ser aplicado se o responsável pelo vazamento for um dos participantes da conversa. “Se foi algum participante de conversa que vazou talvez não seja ilegal, aparentemente houve ilicitude, há suspeita de que o telefone foi hackeado, interceptação telefônica. Mas se foi um interlocutor, eu posso divulgar a conversa se tenho conhecimento de crime, ainda mais em um caso desses. Coloca em xeque o Estado brasileiro, não dá pra minimizar isso”, avalia o jurista.