Sintracom critica truculência policial na greve no Frigorífico Beef Nobre

A ação de policiais na greve de trabalhadores no frigorífico Beef Nobre, na tarde de segunda-feira, foi considerada pelo Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores na Industria da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande) como abuso de poder do Estado e da Secretaria de Justiça e de Segurança Pública, que permitiram que forças policiais do Estado intervissem, sem mandado de segurança, no movimento dos trabalhadores do frigorífico, localizado no Jardim Carioca.

“A ação policial foi desastrosa, pois acabou provocando ferimentos em trabalhadores e detenções injustas de trabalhadores, sindicalistas e dirigentes da Central Única dos Trabalhadores”, afirmou José Abelha Neto, presidente do Sintracom, que é solidário ao movimento de greve dos trabalhadores e às entidades de classe envolvidas.

Abelha Neto disse que o movimento de paralisação transcorria sem violência, com os trabalhadores exercendo seu direito à greve por melhores condições de trabalho e de salário. “Não justificava a intervenção policial”, afirmou o sindicalista que sugere uma retratação das autoridades da segurança pública do Estado.

O movimento sindical divulgou nota em que afirma: “Não vamos aceitar de braços cruzados que o uso da força policial seja utilizado para coibir os nossos direitos e muito menos que companheiros de luta sofram a humilhação de apanhar e serem presos injustamente. Nossa voz não se cala! Queremos e vamos batalhar para que a justiça seja feita!”, diz a nota.

“A greve é um direito constitucional, ferramenta da luta por melhores condições de trabalho e jamais pode ser tratada como ilegal ou imoral, já que ações como essa são extremas, quando o dialogo com o patrão acaba e as condições de trabalho são insustentáveis”, afirmam sindicalistas na nota de repúdio, endossada pelo Sintracom.

O movimento sindical também denuncia que a Polícia Militar realizou escolta particular dos trabalhadores que vieram de outros municípios do Estado, que foram trazidos para “furar” a greve, executar o trabalho dos que estavam paralisados, ressaltando que esta ação é ilegal, primeiro por causa do uso da força estatal atuando em beneficio do bem privado e segundo porque a greve é um direito constitucional que deve ser respeitado.

Atualmente o Frígorifico Beef Nobre emprega cerca de 430 trabalhadores em situação de risco e sem valorização profissional e foi graças à ação sindical do Sindicato da Alimentação de Campo Grande e de outros movimentos sindicais do estado, que as negociações avançaram e conquistas como a melhoria do salário, do vale alimentação e da carga horária, foram obtidas, após reunião entre o Ministério Público do Trabalho, o movimento sindical e o patronal, na manhã desta terça-feira (3).

“Esperamos que episódios dessa natureza em que as forças policiais se voltam contra os trabalhadores, não mais se repitam em Mato Grosso do Sul, pois a greve e manifestações da natureza como estavam sendo realizadas, são previstas pela Constituição Brasileira”, afirmou Abelha Neto.