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Operários são maiores vítimas de acidentes

Publicado: 03 Outubro, 2011 - 16h51

Escrito por: Wanessa Rodrigues

 

Somente na área da construção civil foram registrados, até o mês de agosto deste ano, 243 atendimentos por acidente de trabalho, segundo dados do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O número representa 20% do total contabilizado no período, que foi de 1.176. O segmento perde apenas para as ocorrências relacionadas aos prestadores de serviço (que envolvem diferentes áreas), que somaram 243. Além disso, foram realizados este ano 215 embargos ou interdições na área, que recebeu 808 autos de infração por desrespeito às normas de saúde e segurança do trabalho, conforme dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) em Goiás.
 
De um total de 456 construções fiscalizadas em Goiás pela SRTE-GO entre os meses de janeiro e agosto, 128 sofreram autuações na área de segurança, o que resultou em 808 autos de infração lavrados – empresa pode receber mais de um auto. O autos lavrados no segmento correspondem a 45,16% do total aplicado em todo o Estado naquele período, que chega a 1.789.
 
Prevenir estes casos é uma das metas do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região, Ministério Público do Trabalho (MPT) e SRTE em Goiás. As entidades lançaram na manhã de ontem a Agenda Goiana do Trabalho Decente, que tem como objetivo unir esforços para que trabalhadores tenham condições dignas de trabalho. Na oportunidade, foi assinado um protocolo de cooperação, pelo qual serão desenvolvidas, entre outras, ações para minimizar as ocorrências de acidentes de trabalho, principalmente na construção civil, transporte coletivo e frigoríficos. 
 
O superintendente regional do Trabalho, Heberson Alcântara, observa que, por meio da união de esforços, será possível desenvolver ações de prevenção junto às empregadoras e também junto aos trabalhadores. Ele observa que a fiscalização já tem mostrado os riscos de se trabalhar sem os equipamentos necessários à segurança do trabalhador. “Além disso, mostramos que ao usar equipamentos de segurança não se corre risco. O empregador tem de oferecer e saber orientar sobre o uso”, diz.
 
Januário Justino Ferreira, procurador chefe do MPT, lembra do acidente ocorrido há exatamente uma semana em Goiânia, quando três operários morreram e cinco ficaram feridos depois da lage do 20º do prédio onde eles trabalhavam ceder. Ferreira salienta que, em sua opinião, neste caso, os trabalhadores não usavam equipamentos de segurança. Ele lembra que o setor cresce cada vez mais, excedendo a mão de obra local e atraindo trabalhadores de outros Estados, para trabalhos muitas vezes sem condições dignas. “A intenção é minimizar as piores condições de trabalho, não só na construção civil, mas em todas as áreas.”
O presidente do TRT da 18º Região, desembargador Mário Botazzo, chama o crescimento dos acidentes de trabalho de “chaga nacional”. Segundo ele, são acidentes típicos e de doenças, em todas as áreas de atividade econômica, mas principalmente na construção civil. Ele observa que, os acidentes de doenças, são mais comuns em agências bancárias.