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Indústria do amianto faz chantagem, diz auditora do Ministério do Trabalho

A auditora fiscal do Ministério do Trabalho e colaboradora a Associação Brasileira dos(...)

Publicado: 05 Maio, 2009 - 10h45

Escrito por: Conticom

A auditora fiscal do Ministério do Trabalho e colaboradora a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, Abrea, Fernanda Giannasi, acredita que a indústria do amianto no Brasil faz chantagem ao dizer que a proibição da extração, uso e comercialização de amianto pode causar um colapso no fornecimento de telhas (que recobrem mais de 50% das moradias no país), além de provocar impacto negativo na geração de empregos do setor, afetando, inclusive as obras do PAC.

“Esses argumentos são pura balela”, diz Giannasi. “A indústria do amianto está nos seus estertores, por isso fazem uma forte chantagem para ver se conseguem se agüentar mais um pouco”.

A utilização do amianto, substância considerada cancerígena, foi proibida por leis estaduais em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Desde então, os empresários, através da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Fiesp, e até mesmo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), tentam derrubar essas leis. O Supremo Tribunal Federal, STF, ao analisar um pedido da CNTI para que suspendesse os efeitos da lei paulista, em 2007, pela primeira vez, teve um voto contrário à suspensão da lei, além de discursos mais simpáticos ao banimento do amianto. Na ocasião, o ministro Eros Grau julgou a lei federal que permite o uso do amianto, inconstitucional, e a lei paulista não, negando, assim, a suspensão pedida pela Confederação. Desde então, outros ministros passaram a ver a utilização do amianto um risco à saúde e mudaram de posição. Há dias atrás, o ministro Ricardo Lawandowsky, negou outro pedido de liminar da CNTI, adotando o entendimento que, por uma questão de saúde, a lei que proíbe o amianto está de acordo com a Constituição Federal.

Para Fernanda Giannasi, essa posição reflete a nova tendência do Supremo de banir o amianto no Brasil. Segundo a auditora, a própria indústria da Construção Civil já apresenta ao mercado produtos que não utilizam o amianto em sua composição, como os reciclados de papelão, vindos de ONGs e cooperativas de trabalhadores, telhas à base de cerâmica, argamassa ou plástica. “Outro dia assisti aquele quadro do programa do Luciano Huck (“Lar, Doce Lar”, no Caldeirão do Huck, Rede Globo) quando se reconstroem uma casa em uma semana, e o Luciano, ao fazer propaganda de uma empresa fornecedora de telhas, elogiou o fato dela estar trabalhando com produto 100% sem amianto e que é um sucesso de venda, ora, então é verdade, sim, que há muitas alternativas surgindo e o que é melhor, para todos os bolsos”, finalizou a auditora.