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Empreiteira mudou vigas na obra do Rodoanel

Com o objetivo de baratear custos, o consórcio formado pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e(...)

Publicado: 15 Novembro, 2009 - 20h23

Escrito por: IG – publicado dia 15

Com o objetivo de baratear custos, o consórcio formado pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca usou vigas pré-moldadas não previstas para os novos viadutos do Trecho Sul do Rodoanel. Pelo projeto básico, deveriam ser colocadas fundações de concreto conhecidas como tubulões, material mais caro que o usado hoje pelo consórcio na sustentação dos vãos livres.

 

A troca foi uma das 79 irregularidades classificadas como "graves" em relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em setembro. As auditorias foram realizadas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.

 

Não se sabe se a troca do material tem relação direta com o desabamento de três vigas sobre a Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) na noite de sexta-feira, que deixou três pessoas feridas. Ontem, o governo do Estado disse desconhecer as causas do acidente na maior obra viária em andamento no País.

 

A investigação será feita por técnicos da Dersa, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e peritos do Instituto de Criminalística. Para o diretor de Engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o problema ocorreu na execução do projeto. Uma das hipóteses citadas por ele foi a de falhas na fixação das vigas.

 

Em 29 de setembro, quase dois meses antes do acidente, o TCU relatou que o consórcio responsável pelo lote 5, onde houve o desabamento, fez alterações nos materiais e no projeto da obra, a fim de reduzir custos.

 

O TCU apontou, por exemplo, o uso de estacas de tamanhos inferiores aos previstos no projeto básico. Também estava prevista a instalação de sete vigas de sustentação a cada vão livre formado pelos novos viadutos. Na execução, contudo, foram empregadas 5 ou 6 vigas a cada vão livre. O uso de um número menor de vigas também foi detectado no lote 4.

 

Como consequência dessas e de outras mudanças nos outros cinco lotes, o TCU apontou indícios de superfaturamento nas medições dos serviços das empreiteiras que totalizaram R$ 184 milhões. Para a Corte, foi reduzida a quantidade de material de construção usada na obra, mas os preços repassados ao Estado foram mantidos.

 

O TCU também afirma que as empreiteiras alteraram o método de medição das obras. O critério de medição passou a ser feito por meio dos avanços físicos da obra, substituindo o critério anterior, realizado com base nas quantidades unitárias, como metros e quilômetros.

 

As mudanças nas obras, segundo o TCU, resultaram numa "combinação altamente danosa às finanças" da União - a obra de R$ 3,6 bilhões é resultado de uma parceria entre os governos federal (R$ 1,2 bilhão) e estadual (R$ 2,4 bilhões). Apesar das objeções feitas pelos auditores, o TCU não recomendou a paralisação da obra ou o bloqueio dos repasses federais. A decisão de prosseguir com os trabalhos foi tomada com base em despacho emitido pelo ministro João Augusto Nardes.

 

Em setembro, os envolvidos na obra do Trecho Sul do Rodoanel assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal em São Paulo no qual abriram mão de receber R$ 265 milhões em aditivos contratuais considerados ilegais pelo TCU.

 

O acidente

 

Na noite de sexta-feira, por volta de 21h, as vigas caíram em cima de um caminhão e dois carros que trafegavam na rodovia Régis Bittencourt, próximo ao km 279, altura de Embu. Três pessoas ficaram feridas.

 

Funcionários da Dersa, equipes do Corpo de Bombeiros e agentes da concessionária Autopista fizeram o trabalho de retirada dos escombros e de limpeza da pista. A única viga que não chegou a cair do viaduto foi retirada durante a madrugada, pois havia o risco de desabamento.

 

Um dos três feridos, Carlos, de 38 anos, foi removido do Hospital Geral de Itapecerica da Serra para o Hospital Alvorada, a pedido da família. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, ele sofreu uma fratura no punho esquerdo e passou por uma cirurgia.

 

Outra vítima do acidente, Reginaldo, de 40 anos, foi atendido no Hospital Geral de Pirajussara, em Taboão da Serra. Ele teve politrauma e continua em observação na unidade. A secretaria informou que seu estado de saúde é considerado bom.

 

A terceira vítima, Luana Augusto, de 21 anos, foi atendida no Pronto-Socorro de Embu. Após ser medicada e passar por exame de raio x, ela deixou a unidade por volta das 3h.